Capa do DVD, lançado em 2010. |
Pois é, hoje vou estrear um segmento novo no “Essa eu já ouvi...”: resenha de filmes. Infelizmente, não tenho links pra baixar os filmes, me desculpem! Um dia terá, prometo! De qualquer forma, o meu post primogênito falará sobre “Os Heróis Não Têm Idade”, um filme B com o astro de “ET, o Extraterrestre”, que conta uma história de um garoto fã de vídeo games e cheio de fantasias, em um roteiro repleto de mensagens subliminares.
SINOPSE
Davey Osborne (Henry Thomas, o eterno “menininho do ET”) é um garoto de 11 anos, órfão de mãe, e fanático por vídeo games, em específico um chamado Cloak & Dagger, em que o jogador controla Jack Flack, um super espião. O menino é tão fissurado pelo RPG que quando não o joga, ele fantasia: sua pistola de água vira um revólver, a bola de baseball se transforma em granada, e o próprio Jack Flack lhe aparece em carne e osso (Dabney Coleman), dando conselhos e dicas.
Seus problemas começam quando, em uma de suas “missões”, ele presencia um assassinato de verdade. Por um azar danado, a vítima era um agente do FBI, que, ao ver Davey, lhe entrega um cartucho de vídeo game no qual estão escondidos planos militares ultra-secretos. O título do jogo? Cloak & Dagger, claro!
Davey, então, entra em uma síndrome de “Pedrinho e o Lobo”: a história verdadeira é tão bizarra e parecida com suas fantasias que ninguém acredita nele. Só que os espiões que tentavam roubar esses planos logo descobrem que ele é o portador do cartucho, e começam uma perseguição. Davey, então, faz de tudo para fugir dos bandidos, ao mesmo tempo em que tenta provar aos adultos a veracidade da sua história.
CONTEXTO HISTÓRICO
Lembra que eu falei que a década de 80 trouxe um sem número de inovações tecnológicas? Quê, não lembra? Porra! Então, lembra agora: Blizzardof Ozz (Ozzy Osbourne, 1980); Kill 'em All (Metallica, 1983); Appetite forDestruction (Guns n' Roses, 1987).
Agora que você já se lembrou, retomemos.
Pois então, dentre as várias inovações, houve uma das mais legais de todas, e que está cada vez mais presente nos lares: o vídeo game. Esse computador mágico, inventado na década de 70, na época tinha uma capacidade de processamento de dados muito mais limitada que o Wii-U, que ainda “cheira à tinta”.
Nos anos 80 o Atari 2600 era a vedete do momento. À época, ele conseguia fazer coisas muito legais e bem avançadas em relação aos seus antecessores. Um exemplo é o clássico das corridas de carro, Enduro. Nesse jogo, o piloto tinha de enfrentar desafios diversos: neblina, neve, noite, deserto... Cada situação com uma dirigibilidade diversa uma da outra. Se hoje isso é trivial aos NFS e GTA da vida, naquele momento era fantástico e pioneiro.
Era óbvio que os vídeo-games fariam parte da cultura em pouco tempo. O próprio ritmo de vida já dava essa dica: entretenimento caseiro, rápido, e que usa pouco espaço. Assim, não demorou para ele ser abordado em outras ordens. Muitos anos antes, o The Who já tinha dado o ensaio, com sua ópera-rock Tommy. E “Os Heróis...” foi o primeiro filme (pelo menos, o primeiro de que me recordo) a trazer jogos eletrônicos como pano de fundo à sua história.
O FILME
“Os Heróis...” traz a velha moral de “Pedrinho e o Lobo”. Davey viaja na maionese de tal maneira, que quando uma situação de perigo verdadeira lhe figura, ninguém lhe dá crédito. Essa é a parte fácil de interpretar, mas tem muito mais que isso.
Pra mim, a questão mais interessante em “Os Heróis...” é como Davey tem que lidar com seus próprios conceitos de ética, em situações de pressão e estresse. Em todo momento, ele questiona os conselhos que recebe de seu ajudante imaginário, Jack Flack. Ao longo da história, ele entende que não tem “3 vidas e 5 ‘Continues’”, e suas ações trazem consequências irremediáveis. Muitas vezes ele demonstra sentir-se culpado por colocar seus amigos e o pai em risco, devido a decisões erradas que tomou.
O ápice do “confronto com si mesmo” é a cena em que ele mata o vilão. Nessa parte, ele está encurralado, ambos têm um revólver, na clássica posição de duelo de faroeste. Davey com medo, recorre a Jack Flack. Este lhe diz que irá fazer uma distração para que ele possa agir, e encaminha-se para o muro lateral, gritando pela atenção do bandido. Davey olha para o lado e clama para que não faça isso. O bandido fica confuso, pois não vê ninguém. Como não tem certeza se realmente tem alguém ali, ele atira na parede. O garoto, então, aproveita-se da distração, dispara, e o mata.
Creio ser essa a cena mais importante do filme. É o ponto de virada para Davey: ele matou uma pessoa, aquilo não é mais fantasia. Além disso, a “morte” de Jack Flack contém a metáfora mais significativa da película. É a morte da infância, e a transição repentina e forçada para a vida adulta. Daí em diante, ele terá de se virar sem Flack. É aí que ele percebe quem são os verdadeiros heróis, no caso, na figura de seu pai, que o salva da explosão do avião, no clímax do filme. Na verdade, a dica estava dada desde o começo: o mesmo ator interpreta Flack e o pai de Davey.
“Os Heróis...” é um clássico que ficou meio sumido, numa década dominada por Rambos, Rockys e Exterminadores. Mas é uma ótima aventura, e que aborda um tema que, se não é atemporal, pelo menos arranca um sabor saudosista de pessoas que, como eu, eram crianças naquela época.
FICHA TÉCNICA
Nome: Os Heróis Não Têm Idade
Nome original: Cloak & Dagger (“capa e espada”, mais ou menos isso)
Gênero: aventura
País: EUA
Ano: 1984
Duração: 101 minutos
Direção: Richard Franklin
Elenco: Henry Thomas (Davey Osborne); Dabney Coleman (Jack Flack e Hal Osborne); Michael Murphy (Rice); Christina Nigra (Kim Gardener); John McIntire (George MacCready); Jeanette Nolan (Eunice MacCready); Eloy Casados (Alvarez); Tim Rossovich (Haverman); William Forsythe (Morris); Robert DoQui (Lt. Fleming); Shelby Leverington (Marilyn Gardener)
AVALIAÇÃO 0-10
Nota 7
Mui bom Fabião!
ResponderExcluirGostei mto da ideia de postar resenhas d filmes tb!
Seria algo como 'Esse eu já assisti' hehe
N conhecia esse filme, mas me interessei, parece mto bom!
Continue c/ os filmes tb, afinal, hj em dia é raro ter algum filme bom!
Falones!
Buli
Hehheheheheh... exatamente, "Esse eu já assisti"!
ResponderExcluirCara, eu decidi começar com esse filme, porque ele me marcou muito. Assisti a primeira vez quando eu tinha uns 9 ou 10 anos, mais ou menos a idade do protagonista. Na época, eu nem entendi bem porque eu gostava tanto desse filme, nem infantil ele é. Não era um gênero que me interessava muito naquela época.
Revendo o filme (consegui baixar, só que ainda não "uploadei" em lugar nenhum), consegui entender. E nem era tão difícil: menino às portas da adolescência, imaginativo, fantasioso, amigos imaginários, amante de aventuras e fanático por video games. Sou eu!!! Ou melhor, era eu.
Quer dizer, algumas coisas ainda tenho daquela época. Ainda sou fã de video games, heheehheheh! Graças a Deus, não perdi isso.
Valeu Buli, abração!