Poster original de "Shrek" |
Falar do Shrek, pra mim, é quase autobiográfico. Afinal, ele é gordo, feio, careca, porco, nojento, fedido e verde! (Hehaheahaehahea!) Mas, identificações à parte, esta animação, em minha opinião, inaugurou uma era de filmes que fazem honrarias a personagens diferentes, aqueles que não primam por grandes talentos nem por virtudes elevadas: é o anti-herói, ou o “homem comum”.
SINOPSE
Shrek é um ogro residente em um pântano nas proximidades do Reino de Duloc, que é administrado de forma provisória por Lorde Farquaad. Provisória, porque o reino está sem um rei. Claro que Farquaad pleiteia esse cargo, mas para isso, precisa se casar com uma princesa.
O ogro é totalmente alheio a esses assuntos. A única coisa que lhe interessa são suas atividades “escatológicas” e a defesa de sua propriedade, que ele o faz cobrindo de cartazes de “Cuidado, Ogro”. Entretanto, em dado momento, ele não pode mais ignorar os desmandos de Farquaad. Devido a uma lei, criaturas de fantasia, como bonecos de madeira encantados ou ratos cegos falantes, não estavam mais autorizados a circular pelo reino. O único lugar onde elas poderiam andar livremente é, adivinhem? No bosque onde fica o pântano do Shrek!
O ogro, revoltadíssimo com a determinação, vai tirar satisfações com o lorde, e ele lhe propõe um trato. A escritura da propriedade lhe seria entregue, sem reclamações, desde que Shrek resgatasse a princesa Fiona, aprisionada “no aposento mais alto da torre mais alta de um castelo guardado por um furioso dragão que cospe fogo” (clichês de contos de fada tinham de estar presentes!). Começa, então, a aventura para o ogro e seu inseparável parceiro (ainda que contra sua vontade), o Burro.
CONTEXTO HISTÓRICO
Fábulas e contos de fada são recontados, remodelados, reinventados e “funilariados” todos os anos, ao longo de séculos e séculos. Não é nenhuma novidade. Desde as publicações de Esopo, lá no século sei-lá-quando a.C., que as histórias infantis têm essa roupagem: seres fantásticos, situação de conflito, solução (ou consequência) e “moral da história”.
Após alguns milênios de releituras, chegamos ao século XX. Daí foi telefone, rádio, cinema, televisão, viagem à Lua, vídeo game, computador pessoal, internet, enfim, toda a “caraiada” de bugigangas que o século passado proporcionou. E os contos continuaram ali, presentes no cotidiano das crianças.
Era óbvio que uma coisa iria se associar à outra, cedo ou tarde. Foi cedo. Em 1937, os estúdios Disney produzem seu primeiro filme de animação baseado em contos infantis, Branca de Neve. O sucesso foi absoluto. Naquela época, com o cinema ainda engatinhando, aquela movimentação, aquelas cores, o enredo, as personagens... Era tudo muito mágico.
Repetir a fórmula era mais que óbvio. Dezenas de outros filmes foram feitos, como Pinocchio, Cinderela, Alice no País das Maravilhas e Bela Adormecida. Praticamente tudo o que era conhecido do mundo da literatura infantil foi feito, filmado, desenhado, adaptado. Ao fim do século XX, acreditava-se que o assunto estava esgotado.
Não estava. Faltava uma coisa: virar os contos de fada de cabeça pra baixo!
O FILME
Música romântica. Um livro é o foco. A capa se abre. “Era uma vez uma linda princesa (...). Ela esperou, (...), no quarto mais alto da torre mais alta (...) pelo primeiro beijo de seu verdadeiro amor...”. A leitura é interrompida, a página que estava sendo lida é rasgada, a música cessa. “Como se isso fosse acontecer!” O locutor é Shrek. Após dizer isso, ele dá descarga, usa a folha rasgada para sua “higienização”, abre a porta do banheiro, e faz aquela expressão de alívio. Nas cenas seguintes, ele aparece fazendo coisas que não se vê muito em nenhum filme, como peidar, arrotar, e tomar banho de lama.
Pronto. Isso é mais do que suficiente para o público entender, não se trata de um conto de fadas. É, na melhor das hipóteses, um “desconto de fadas”.
Fazer esse paralelo é relativamente simples. Shrek não é nenhuma beldade. Além disso, ele não se envolve na aventura por alguma causa nobre, pra dizer a verdade, ele nem teria ido se não fosse por um interesse particular. Isso tudo sem contar no seu senso de humor negro demonstrado em várias cenas, das quais destaco aquela em que ele e o Burro chegam ao castelo. O Burro pergunta: “Onde será que está aquele monstro que cospe fogo?” A resposta de Shrek: “Lá dentro, esperando ser salva!”.
Porém, com tudo isso contra, Fiona se apaixona por ele, e não por Farquaad. O lorde, no contraponto da história, realmente é bastante rico, influente e poderoso. Entretanto, ele é também vaidoso, pedante, interesseiro e covarde. Além, claro, de ser... digamos... nem um pouco parecido com o Brad Pitt! Tudo isso faz com que Fiona não se sinta atraída por ele, ao contrário.
E mesmo Shrek tendo vários defeitos também (desbocado, irônico, ranzinza e antipático, além, claro, de ser um ogro), ainda assim ela se sente atraída por ele. Apesar de ele ser tudo isso, ele é honesto, sincero, e está sempre pronto pra ajudar e defender os amigos. Shrek nada mais é do que o “homem comum”, aquele que tem preocupações cotidianas, tem rotina, não leva uma vida lá muito emocionante... tem virtudes e defeitos, como todo mundo. E foi o “homem comum” que conquistou a princesa, e não o “príncipe encantado”. É o “pé no chão”, em detrimento à “cabeça nas nuvens”.
Pra mim, desde o seu lançamento, “Shrek” já era um clássico. É um filme que encanta muita gente, não só pela comédia, ou pela aventura, nem pela inversão inusitada de papéis. Muitas pessoas conseguem se ver em Shrek: um indivíduo simples, mas de grande coração.
FICHA TÉCNICA
Nome: Shrek
Nome original: Shrek
Gênero(s): animação; comédia; infantil
País: EUA
Ano: 2001
Duração: 90 min.
Direção: Andrew Adamson; Vicky Jenson
Elenco: Vozes originais: Mike Myers (Shrek); Eddie Murphy (Burro); Cameron Diaz (Fiona); Conrad Vernon (Biscoito); Aron Warner (Lobo Mau); John Lithgow (Farquaad). Vozes dublagem: Bussunda (Shrek); Mário Jorge de Andrade (Burro); Fernanda Crispim (Fiona); Marcelo Coutinho (Biscoito); Luiz Carlos Persy (Lobo Mau); Claudio Galvan (Farquaad)
AVALIAÇÃO 0-10
Nota 9
Mto bom Fabião!
ResponderExcluirShrek é msmo mto divertido!
Salientou bem as virtudas do personagem e a msg do filme!
Melhor ainda foi a comparação "autobiográfica" com o Shrek hehehe mto bom, Shrek é punk, podcre!
A pte q eles entram no castelo é bem engraçado msmo!
Falones!
Buli
Hehehehheh, eu me vejo muito no Shrek. É quase como olhar no espelho, hehehhehehehhehehhehe!!!
ResponderExcluirOutra das minhas cenas preferidas é quando eles chegam em Duloc. O porteiro tem uma "fantasia" de Farquaad, com um cabeção do caramba. Quando ele vê o ogro toma um susto e sai correndo de medo. Quando você pensa que ele vai fugir erraticamente, que é o que todo mundo faz, o cara corre ladeando a "serpente" (aquela fila tipo do Playcenter), certinho, até chegar ao portão, e enfiar o cabeção na parte de cima, já que ela não passa por ali. O Shrek e o burro ficam só assistindo à palhaçada, atônitos!
Esse é outro exemblo de humor negro. A situação é tão ridícula que chega a ser absurda. Eu sempre rio nessa parte.
Valeu Buli, abraço meu velho!