9 de jun. de 2011

“Facelift” (Alice in Chains, 1990)

Capa de "Facelift", de 1990



O movimento grunge era pra ter sido apenas uma “panelinha” em Seattle (EUA). Só que, de repente, as bandas de lá se tornaram conhecidas no mundo todo, devido a sua estética simples, suja e pesada. Dos vários grupos, o post de hoje destaca o Alice in Chains, a qual muitos consideram como a banda grunge que mais se afastou do hardcore, fazendo linhas muito mais próximas do heavy metal.


A BANDA

O Alice in Chains surgiu em meados de 1987, por acaso, durante um evento promovido por um estúdio local. Layne Staley (vocal) conhece Jerry Cantrell (guitarra), e durante a conversa, ambos descobrem que têm problemas semelhantes: o primeiro estava formando um grupo de funk, mas não tinha guitarrista; o segundo tentava engrenar uma banda de rock, mas não tinha um vocal.

Eles encontraram muitas afinidades, e então fizeram um acordo de cavalheiros: cada um supriria a lacuna da banda do outro. Eventualmente, a banda de funk de Staley terminou, e por isso ele passou a se dedicar somente à Diamond Lie. Mais tarde, esse nome mudaria para Alice in Chains, que era uma “corruptela” do nome de uma das várias bandas que Staley participou no passado.

Mas não foi só o nome que mudou. Muitas coisas foram alteradas no caminho até a gravação de Facelift em 1990. Eles decidiram não mais tocar covers, foram abandonando, aos poucos, as influências de glam rock, e a presença de palco foi ficando mais simples e agressiva.

Isso se tornou uma tendência, não só na banda, mas em toda aquela região de Seattle. Vários outros grupos adotaram essa fórmula. Anos depois, esse movimento se tornou conhecido no mundo todo. Era o nascimento do Grunge.


CONTEXTO HISTÓRICO

Imagine aquela sua turma de amigos em qualquer evento: casa de praia em um feriadão, ou uma balada qualquer. De repente, aquele amigo que “causa” começa a fazer uma dança muito bizarra e engraçada. Todo mundo ri, e passam a imitá-lo. E, óbvio, alguém, com um celular com câmera, registra o momento. No dia seguinte, ele põe o vídeo no Youtube. Cinco dias depois, o vídeo tem mais de um milhão de acessos, vira febre no Brasil inteiro, uma versão funk carioca brota do nada, e o Pânico na TV resolve usar a tal dança em um de seus quadros. Um ou outro daquela turma acha essa exposição um barato, mas a maioria se sente embaraçada e fica com vergonha de sair às ruas durante o resto do mês.

Imaginou? Foi mais ou menos assim que surgiu o grunge: som cru, letras agressivas e pessimistas, visual sujo, apresentações sem teatralidade nenhuma. O que era pra ser apenas um movimento local, do nada se tornou a tendência de rock mais importante dos anos 90. E isso tudo sem Youtube!!

Lembra que eu falei que a década de 80 teve um monte de inovações? Pois, muitos artistas levavam isso tão a sério que sua carga visual acabava sendo mais importante que a própria música. E é claro que hora ou outra alguém iria perceber que esses exageros estavam desviando a atenção do principal, a música. Coube à turma de Seattle (Nirvana, Soundgarden e outros, além do Alice) mostrar isso. Ainda que não fosse isso que eles pretendiam.


O DISCO

Talvez você esteja fazendo a seguinte pergunta a si mesmo: “De tantas bandas de grunge da época, porque escolheu o Alice in Chains e não o Nirvana?” Entendo a dúvida. O Nirvana é, talvez, a banda mais importante do estilo. Mas foi a turma de Staley e Cantrell que, em minha opinião, mais se distanciou do hardcore, aproximando-se mais do heavy metal.

Isso foi um diferencial para o Alice in Chains, e que o fez destaque naquele cenário. Mostras disso podem ser conferidas em muitas músicas de “Facelift”, como Bleed the Freak e I Can’t Remember. Todavia, a carga depressiva, típica do grunge, está presente em todo o disco, como nas letras da faixa de abertura (We Die Young), Sea of Sorrow, Love Hate Love e Put You Down.

Mas o maior destaque do disco é Man in the Box. Muitos acreditam ser este o maior sucesso de toda a carreira do grupo. É a música em que mais pode ser notada a influência do glam que a banda tinha em seus primórdios. Sua letra, de Staley, é estranhíssima, e causa confusão até hoje. Uns dizem que é uma crítica à igreja, outros falam que é sobre drogas, outros afirmam que é sobre isolamento social. Mas nunca se chegou a um consenso sobre esse clássico. Sabe-se somente que muitas letras de Staley são autobiográficas, mas nem isso pode ser confirmado.

Eu nunca fui um grande fã de bandas grunge, até recentemente. E um dos discos que mudou minha opinião, sem dúvida, foi este aqui. Pra mim, está no pódio dos discos mais importantes desse estilo.


LISTA DE FAIXAS

1. We Die Young
2. Man in the Box
3. Sea of Sorrow
4. Bleed the Freak
5. I Can't Remember
6. Love, Hate, Love
7. It Ain't Like That
8. Sunshine
9. Put You Down
10. Confusion
11. I Know Somethin' ('Bout You)
12. Real Thing


AVALIAÇÃO 0-10

Nota 7.

3 comentários:

  1. Ótimo texto. Daria nota 8,5 para ele. Bom você falar das influências glam no som de Seattle. Mother love Bone, Malfunkshen e Green River ainda tem muitos desses elementos do hair metal.

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  2. A nota 8,5 é para o disco do Alice In Chains. Pro blog bem-humorado e informativo dou 10 com muito louvor e "homenagens de estilo" kkkkkkkkk

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    1. Hahahaha... valeu, meu velho! Obrigado pela audiência! Recomendo outros que eu considero que ficaram muito bons: o Pussy Whipped da Bikini Kill, o Horses da Patti Smith, e o Black Sabbath do Black Sabbath. Grande abraço!

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