Capa de "End...", de 1980 |
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Tá bom, eu sei. Pulei 3 discos, né? No primeiríssimo post, falei do álbum de estreia dos Ramones, depois viriam “Leave Home”, “Rocket to Russia” e “Road to Ruin”. Eu os pulei porque eles são quase uma repetição de “Ramones”. Nesse período, a banda experimentou o início de anonimato, turnês pelo mundo, dezenas de bandas novas os citando como referência e inspiração, e shows lotados no fim desse intervalo. Só que uma coisa os incomodava mais que tudo: a desaprovação dos críticos especializados.
A BANDA
Essa situação era um incômodo para Joey (voz), Johnny (guita), Dee Dee (baixo) e Tommy Ramone (batera). Além disso, o retorno financeiro magro, as exaustivas turnês e o questionamento dos rumos da banda foram demais para o baterista. Após concluir “Rocket to Russia”, Tommy deixa o grupo, substituído por Marc Bell, do grupo Voidoids. Bell é conhecido até hoje como Marky Ramone.
Com Marky, os Ramones tentaram fazer algo diferente, um álbum com pegadas mais leves e acordes mais limpos. Assim nasceu “Road to Ruin”. Mas, ao contrário do que esperavam, o resultado não foi melhor. Eles ainda enchiam clubes, mas vendiam pouco, e ganhavam poucas boas avaliações.
Tentando achar uma solução, a banda procurou o produtor Phil Spector, que já havia trabalhado com os Beatles e outros. Sua promessa foi de que “End...” seria a obra mais importante de sua discografia. Só que não foi assim. Spector não se deu bem com nenhum integrante, exceto Joey. As brigas pelo direcionamento artístico de “End...” eram tão tensas que quase virou caso de polícia.
Deste disco em diante, os integrantes dos Ramones nunca mais tiveram uma convivência amistosa.
CONTEXTO HISTÓRICO
Anos antes de “End...”, os Ramones surgiam como um expoente da música. Embora críticos questionassem sua qualidade, seu nome foi sendo construído entre os fãs “in loco”. No documentário “End of the Century: the Story of the Ramones”, um integrante (não lembro qual) comenta que a banda excursionava em um país diferente, repetia a visita 1 ou 2 anos depois e... bum, dezenas de bandas haviam surgido lá, todas influenciadas pelos Ramones. Era um orgulho, porém após 6 anos de estrada, eles ainda se questionavam por que não estavam ricos como o Van Halen. Vou tentar trazer algumas hipóteses.
Para mim, foi apenas uma sucessão de azares. Primeiro, por conta do período em que eles se preocuparam com isso. O início da década de 80 se caracterizou por um “boom” de estilos musicais. Na mesma linha, quase todos os grupos semelhantes estavam “fechando as portas”, caso de Sex Pistols, Clash, Patti Smith, Dead Boys, entre outros.
Somado a isso, grupos punk começaram a ficar mal vistos devido a vários casos de violência envolvendo pessoas do movimento, ou até mesmo músicos. O mais clássico foi o assassinato de Nancy Spungen e a consequente prisão de Sid Vicious, então baixista dos Sex Pistols, embora nunca tenha se comprovada a culpa do músico.
Daí, você pega esse cenário extremamente delicado, e tenta fazer um disco sob um clima tenso e sem sinergia nenhuma entre banda e produção. Resultado? Mais um fracasso comercial.
O DISCO
É bem verdade que “End...” não é, nem de longe, o melhor disco dos Ramones. Pra dizer a verdade, já ouvi fã dizendo que gosta de todos os discos exceto este! De fato, ele é um álbum muito atípico, considerando a linha-mestra que a banda adotou pra si ao longo dos anos. Mas tudo tem pelo menos dois lados.
No caso de “End...”, muitos dos fãs torcem o nariz para algumas faixas, como Baby I Love You, Danny Says e I Can’t Make it on Time, por elas serem um tanto mais rebuscadas do que o normal. Mas estas mesmas canções, de repente, são as mais importantes sob um ponto de vista: Joey mostra uma versatilidade vocal que até então ninguém sabia que ele tinha.
E não é só nessas três canções que se nota isso. Em Do You Remember Rock’n’Roll Radio (a faixa mais legal desse disco, pra mim) e The Return of Jackie and Judy também mostram Joey fazendo variações vocais muito bacanas. E pra quem diz que as músicas ficaram muito cheias de "rococós", tem as clássicas Chinese Rocks, I’m Affected, Rock'n'Roll Highschool e Let’s Go, que não deixa nada a desejar para canções dos discos anteriores.
Enfim, muita gente pode subestimar este disco. De fato, não é a obra-prima que Spector prometeu. Mas apesar disso, eu considero “End...” como um dos discos mais importantes de sua discografia, porque ele mostrou pra todo mundo (inclusive pra própria banda) que os Ramones eram capazes de fazer qualquer coisa na música, a despeito do que os críticos, tão “oniscientes”, afirmavam.
LISTA DE FAIXAS
1. Do You Remember Rock 'n' Roll Radio
2. I'm Affected
3. Danny Says
4. Chinese Rock
5. The Return of Jackie and Judy
6. Let's Go
7. Baby, I Love You
8. I Can't Make It on Time
9. This Ain't Havana
10. Rock 'n' Roll High School
11. All the Way
12. High Risk Insurance
13. I Want You Around" (versão do filme)*
14. Danny Says (Demo)*
15. I'm Affected (Demo)*
16. Please Don't Leave (Demo)*
17. All the Way (Demo)*
18. Do You Remember Rock & Roll Radio (Demo)*
19. End of the Century Radio Promo*
* faixas bônus da reedição de “End…” em 2002.
AVALIAÇÃO 0-10
Nota 7.
Ae Fabião! Foda-se a sequência, o q interessa é q vc veio c/ mais uma resenha Deles! hehehe
ResponderExcluirMto bom! Gostei mto do texto e das informações destrinchadas!
P/ mim esse álbum n é o melhor nem o pior, mas tlvz um dos mais importantes d td a discografia deles. A começar pelo conturbado processo d gravação. Foi um divisor d águas!
Das músicas, me surpreendi c/ mtas qndo o ouvi, mas destaco o característico som d protesto Do You Remember Rock 'n' Roll Radio (q diante das merdas nas rádios d hj em dia nunca se fez tão profético!), a divertidíssima Rock 'n' Roll High School e até a bonita I Can't Make It on Time
Valeu Fabião! Até a próxima!
Buli
PS: Passou Shrek 3 ontem (segunda) vc viu!? rs
É isso mesmo Buli. "End..." é sem dúvida nenhuma um dos discos mais importantes deles. E é que nem eu falei, algumas pessoas podem chiar, mas tem músicas muito boas nele, algumas até faziam parte das últimas turnês na década de 90.
ResponderExcluirE tem todo aquele clima né? O Spector apontando revólver pra todo mundo, Johnny querendo sair no tapa com ele... Imagino que deve ter sido muito difícil fazer esse disco.
Heheheheh, não fiquei sabendo do filme. Soube só no dia seguinte (ontem), pelo Twitter. Mas eu já tinha visto antes, muito bom! Inferior aos 2 primeiros, mas ainda muito bom! Você sabe né? Eu me identifico demais com o Shrek, heheheheeh!
Abração