Poster de "O roqueiro" |
SINOPSE
Robert Fishman (Rainn Wilson), ou Fish para os íntimos, é baterista de uma banda em ascensão no fim da década de 80, chamada Vesuvius. Embora bom músico, seus trejeitos exagerados não são vistos com bons olhos por empresários e produtores. Às vistas com um contrato para abrir os shows da Whitesnake, a gravadora exige que, para firmar o documento, o baterista teria de ser substituído. Fish, então, é demitido. Tomado de ódio por isso, ele jura formar um grupo de muito mais renome que a Vesuvius.
Só que, como diria Joseph Climber, “a vida é uma caixinha de surpresas”. Vinte anos depois, ele, com uns 40 anos, se vê desempregado, chutado pela namorada e morando de favor na casa da irmã e cunhado. Pra piorar, ao longo dos anos a Vesuvius se tornou uma das maiores e mais conhecidas bandas de hard rock do mundo.
Em paralelo, Matt, sobrinho de Fish e tecladista de uma banda chamada A.D.D., se vê em apuros, pelo grupo ter ficado sem baterista às vésperas do primeiro show, no baile de formatura da escola. Ele pede ao tio que o ajude. O show é um fiasco, e a banda decide não chamá-lo mais. Porém, Fish, vendo potencial nos meninos, pede para eles reconsiderarem, caso ele lhes consiga uma turnê. É aí que começa a saga do nosso anti-herói.
CONTEXTO HISTÓRICO
Em dado momento, Fish acaba preso pelo “roubo” do carro da irmã, o que foi a gota d’água para ela “pedir gentilmente que se mude”. Isso o força a morar de favor no porão abafadíssimo de um amigo. Matt sugere fazer os ensaios por webcam, cada um em sua casa. Devido ao calor, Fish faz as seções nu. Só que a irmã mais nova de Matt intercepta o sinal, gravar o ensaio e carrega no Youtube. Poucas semanas depois, o vídeo do “baterista nu” tem milhões de acessos, e a A.D.D. se torna, sem querer, a nova febre musical entre os jovens.
Essa parte do filme por acaso te lembra de alguma coisa? Sim, lembra! Lembra a Radiohead, que, enquanto o Metallica e outros grupos renomados vociferavam contra o download ilegal, resolveu ir à contramão de tudo e todos: usar a própria internet a seu favor. Todo mundo achou estranho quando a banda, em 2007, lançou o disco In Rainbows com vendas somente pela internet. E mais, o comprador podia dizer o quanto ele queria pagar pelo disco. Inclusive US$0,00!
Lembra também A Banda Mais Bonita da Cidade. Você pode torcer o nariz pra essa banda, mas é inegável a ótima estratégia que esse grupo de Curitiba usou. Uma música relativamente simples, "Oração", e um clipe bem bacana, igualmente simples e bem elaborado, fizeram com que este grupo, de um segundo para o outro, tivesse mais de 5 milhões de acessos no Youtube, ganhasse uma condecoração no site da MTV Brasil e conseguisse se tornar uma febre entre os jovens de todo o Brasil.
Estes são apenas alguns dos muitos exemplos de bandas que usam a internet a seu favor. A questão é polêmica, muitos são contra. É fácil de entender, até o início da década de 90 o mercado fonográfico nadava em dinheiro, e hoje faz uma força danada pra conseguir fazer um simples DVD vender só alguns milhares de cópias. A internet mudou tudo em uma velocidade absurda, e ninguém parece ter uma resposta clara sobre como serão os negócios no futuro. Até lá, músicos e artistas têm se virado como podem, como os grupos que citei, assim como a banda fictícia A.D.D., brilhantemente demonstrada em “O Roqueiro”.
O FILME
Tem um monte de conflitos nesse filme. Eu poderia falar da relação meio de pai e filho que Fish desenvolve com o jovem guitarrista Curtis. Poderia falar também sobre a mãe desse mesmo Curtis, que espelha no filho o sucesso que ela “abriu mão” para lhe dar à luz. Ou talvez falar sobre a superação de Matt, que tinha medo de tudo, de fracassar, de se apresentar em público, de se aproximar das garotas... entre outras tramas que acontecem o tempo todo.
Mas, para mim, a melhor de todas acontece com Fish. Desde o começo, ele se mostra obcecado pelo estrelato. Na verdade, a única coisa que ele quer é vingar-se de sua antiga banda, e mostrar aos ex-parceiros que ele era essencial ao grupo. Entretanto, o tempo passa, a Vesuvius obtém o tão almejado sucesso, e o batera cai no ostracismo. Nesse ponto, ele parece se odiar por isso. Ele esperava ser um grande astro, porém acabou figurando como “gargalo”.
Daí, ele “cai de pára-quedas” na A.D.D., e resolve “usar” a banda do sobrinho para traçar um plano de vingança. Mas ele tropeça em seu próprio deslumbre, acreditando que ser um astro do rock significa repetir certos clichês, como embebedar-se ou atirar televisores pela janela. A gota d’água foi recusar um grande contrato para abrir os shows da Vesuvius. Seus atos estúpidos, assim como seu orgulho, o levam à 2ª expulsão de banda.
Somente neste ponto ele começa a se questionar. Em um emprego chato, ele repensa suas atitudes e lamenta as decisões que o levaram até ali. Mas nosso anti-herói precisava ter a sua “milésima 2ª chance”! Curtis pede que ele supere seu orgulho e volte ao grupo. Após refletir, Fish aceita. No dia do show, ele reencontra os ex-parceiros. O momento é tenso. Mas o que ele diz ao vocalista resume tudo: “Se você tivesse me encontrado semana passada, eu teria lhe dado um soco (...) Mas agora, tudo o que eu quero é que vocês façam um grande show!” A cena termina num longo cumprimento de todos.
Assim, Fish demonstra que, mesmo depois de tantos anos guardando rancor, ele conseguiu perdoar seus ex-parceiros. E fazendo isso, ele também perdoa a si mesmo: ele não precisa mais da Vesuvius, seja como sua banda, seja como alvo de vingança. Só agora ele pode, finalmente, seguir adiante, e fazer o que quiser.
“O Roqueiro” não é nenhum filme espetacular, mas é um dos poucos que eu consigo me lembrar que traz essa moral. Quem aqui nunca se viu em situação parecida com a de Fish, passado pra trás por pessoas em quem confiava? Assim, eu recomendo esse filme simples e bacana para todo mundo, não só aos roqueiros. Afinal, aprender a se perdoar não é tão fácil quanto parece!
FICHA TÉCNICA
Nome: O Roqueiro
Nome original: The Rocker
Gênero(s): comédia; drama
País: EUA
Ano: 2008
Duração: 102 min.
Direção: Peter Cattaneo
Elenco: Rainn Wilson (Fish); Christina Applegate (Kim); Josh Gad (Matt); Teddy Geiger (Curtis); Emma Stone (Amelia); Will Arnett (Lex); Fred Armisen (Wayne); Howard Hesseman (Nev); Lonny Ross (Timmy); Jason Sudeikis (David); Bradley Cooper (Trash); Jon Glaser (Billy); Jane Lynch (Lisa); Jeff Garlin (Stan)
AVALIAÇÃO 0-10
Nota 6
Em paralelo, Matt, sobrinho de Fish e tecladista de uma banda chamada A.D.D., se vê em apuros, pelo grupo ter ficado sem baterista às vésperas do primeiro show, no baile de formatura da escola. Ele pede ao tio que o ajude. O show é um fiasco, e a banda decide não chamá-lo mais. Porém, Fish, vendo potencial nos meninos, pede para eles reconsiderarem, caso ele lhes consiga uma turnê. É aí que começa a saga do nosso anti-herói.
CONTEXTO HISTÓRICO
Em dado momento, Fish acaba preso pelo “roubo” do carro da irmã, o que foi a gota d’água para ela “pedir gentilmente que se mude”. Isso o força a morar de favor no porão abafadíssimo de um amigo. Matt sugere fazer os ensaios por webcam, cada um em sua casa. Devido ao calor, Fish faz as seções nu. Só que a irmã mais nova de Matt intercepta o sinal, gravar o ensaio e carrega no Youtube. Poucas semanas depois, o vídeo do “baterista nu” tem milhões de acessos, e a A.D.D. se torna, sem querer, a nova febre musical entre os jovens.
Essa parte do filme por acaso te lembra de alguma coisa? Sim, lembra! Lembra a Radiohead, que, enquanto o Metallica e outros grupos renomados vociferavam contra o download ilegal, resolveu ir à contramão de tudo e todos: usar a própria internet a seu favor. Todo mundo achou estranho quando a banda, em 2007, lançou o disco In Rainbows com vendas somente pela internet. E mais, o comprador podia dizer o quanto ele queria pagar pelo disco. Inclusive US$0,00!
Lembra também A Banda Mais Bonita da Cidade. Você pode torcer o nariz pra essa banda, mas é inegável a ótima estratégia que esse grupo de Curitiba usou. Uma música relativamente simples, "Oração", e um clipe bem bacana, igualmente simples e bem elaborado, fizeram com que este grupo, de um segundo para o outro, tivesse mais de 5 milhões de acessos no Youtube, ganhasse uma condecoração no site da MTV Brasil e conseguisse se tornar uma febre entre os jovens de todo o Brasil.
Estes são apenas alguns dos muitos exemplos de bandas que usam a internet a seu favor. A questão é polêmica, muitos são contra. É fácil de entender, até o início da década de 90 o mercado fonográfico nadava em dinheiro, e hoje faz uma força danada pra conseguir fazer um simples DVD vender só alguns milhares de cópias. A internet mudou tudo em uma velocidade absurda, e ninguém parece ter uma resposta clara sobre como serão os negócios no futuro. Até lá, músicos e artistas têm se virado como podem, como os grupos que citei, assim como a banda fictícia A.D.D., brilhantemente demonstrada em “O Roqueiro”.
O FILME
Tem um monte de conflitos nesse filme. Eu poderia falar da relação meio de pai e filho que Fish desenvolve com o jovem guitarrista Curtis. Poderia falar também sobre a mãe desse mesmo Curtis, que espelha no filho o sucesso que ela “abriu mão” para lhe dar à luz. Ou talvez falar sobre a superação de Matt, que tinha medo de tudo, de fracassar, de se apresentar em público, de se aproximar das garotas... entre outras tramas que acontecem o tempo todo.
Mas, para mim, a melhor de todas acontece com Fish. Desde o começo, ele se mostra obcecado pelo estrelato. Na verdade, a única coisa que ele quer é vingar-se de sua antiga banda, e mostrar aos ex-parceiros que ele era essencial ao grupo. Entretanto, o tempo passa, a Vesuvius obtém o tão almejado sucesso, e o batera cai no ostracismo. Nesse ponto, ele parece se odiar por isso. Ele esperava ser um grande astro, porém acabou figurando como “gargalo”.
Daí, ele “cai de pára-quedas” na A.D.D., e resolve “usar” a banda do sobrinho para traçar um plano de vingança. Mas ele tropeça em seu próprio deslumbre, acreditando que ser um astro do rock significa repetir certos clichês, como embebedar-se ou atirar televisores pela janela. A gota d’água foi recusar um grande contrato para abrir os shows da Vesuvius. Seus atos estúpidos, assim como seu orgulho, o levam à 2ª expulsão de banda.
Somente neste ponto ele começa a se questionar. Em um emprego chato, ele repensa suas atitudes e lamenta as decisões que o levaram até ali. Mas nosso anti-herói precisava ter a sua “milésima 2ª chance”! Curtis pede que ele supere seu orgulho e volte ao grupo. Após refletir, Fish aceita. No dia do show, ele reencontra os ex-parceiros. O momento é tenso. Mas o que ele diz ao vocalista resume tudo: “Se você tivesse me encontrado semana passada, eu teria lhe dado um soco (...) Mas agora, tudo o que eu quero é que vocês façam um grande show!” A cena termina num longo cumprimento de todos.
Assim, Fish demonstra que, mesmo depois de tantos anos guardando rancor, ele conseguiu perdoar seus ex-parceiros. E fazendo isso, ele também perdoa a si mesmo: ele não precisa mais da Vesuvius, seja como sua banda, seja como alvo de vingança. Só agora ele pode, finalmente, seguir adiante, e fazer o que quiser.
“O Roqueiro” não é nenhum filme espetacular, mas é um dos poucos que eu consigo me lembrar que traz essa moral. Quem aqui nunca se viu em situação parecida com a de Fish, passado pra trás por pessoas em quem confiava? Assim, eu recomendo esse filme simples e bacana para todo mundo, não só aos roqueiros. Afinal, aprender a se perdoar não é tão fácil quanto parece!
FICHA TÉCNICA
Nome: O Roqueiro
Nome original: The Rocker
Gênero(s): comédia; drama
País: EUA
Ano: 2008
Duração: 102 min.
Direção: Peter Cattaneo
Elenco: Rainn Wilson (Fish); Christina Applegate (Kim); Josh Gad (Matt); Teddy Geiger (Curtis); Emma Stone (Amelia); Will Arnett (Lex); Fred Armisen (Wayne); Howard Hesseman (Nev); Lonny Ross (Timmy); Jason Sudeikis (David); Bradley Cooper (Trash); Jon Glaser (Billy); Jane Lynch (Lisa); Jeff Garlin (Stan)
AVALIAÇÃO 0-10
Nota 6
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