18 de mai. de 2011

“Gates of Metal Fried Chicken of Death” (Massacration, 2005)

Capa de "Gates...", de 2005.



Infelizmente, a verdade é essa: muitos fãs de rock têm postura tão extrema em relação à música, que o estilo acaba perdendo adeptos. Não que eu seja contra a idolatria aos guitar heroes, mas às vezes isso chega a tal ponto que parece uma religião. Eis que, sem querer, surge o Massacration, um grupo de heavy metal que mostrou aos headbangers de plantão uma coisa que deveria ser óbvia: rir de si mesmo também é sinal de sabedoria!


A BANDA

A criação do grupo remete ao extinto programa de humor “Hermes e Renato”, da MTV Brasil. Este grupo tinha como especialidade esquetes recheadas de piadas de humor negro e sátiras. Quem acompanhava vai se lembrar com gargalhadas dos infames Palhaço Gozo, Joselito Sem-Noção e Gil Brother.

Dentre as atrações do programa, a banda Massacration figurava como uma delas. A ideia era mostrar uma banda de heavy metal em todos os seus clichês: os cabelões, roupas de couro apertadas, letras de idolatria ao metal, etc.

Só que o que mais impressionava era a qualidade técnica, bem como os detalhes das músicas. As canções eram tão boas que o grupo fictício acabou ganhando um programa próprio, o “Total Massacration”, no qual eram transmitidos clipes de bandas de heavy metal.

A piada começou a ficar tão interessante para o falso grupo, que eles desenvolveram outros detalhes da “história” da banda, como nome da primeira gravadora, biografia dos músicos, histórias “da estrada”, e mais um monte de coisas. Tudo com muito humor. E como a falsa banda já tinha uma falsa história, nada melhor que incluir um disco verdadeiro na brincadeira.


CONTEXTO HISTÓRICO

É até difícil contextualizar o Massacration. Tudo o que lhes diz respeito é dito em tom de chacota ou pulha. Mas esse “alívio cômico” do rock talvez seja tão necessário por causa das proporções que o estilo tomou ao longo dos anos. Sabe-se que muitos casos de violência ocorreram sob alguma bandeira do rock.

Um dos casos mais clássicos sobre esse assunto é o suicídio de John McCollum em 1985. O jovem, então com 19 anos, matou-se com um tiro na cabeça, enquanto em seu fone de ouvido tocava a música Suicide Solution, de Ozzy Osbourne. Os pais do rapaz processaram o madman, alegando que sua música incitava as pessoas ao suicídio. Ozzy foi inocentado.

Mas esse caso ainda é leve. Um dos mais dramáticos que me lembro foi o assassinato do guitarrista Dimebag Darrell, em 2004, em pleno palco. O ex-Pantera se apresentava com sua banda Damageplan, quando um indivíduo, após furar o bloqueio da segurança, sobe ao palco e dispara vários tiros, alvejando Darrell e outras 14 pessoas.

Infelizmente, casos assim são comuns, e muitas vezes associados ao rock. Alguns interessados nesse assunto associam isso ao fato de que as pessoas trazem as ideologias ao extremo, num ponto incontrolável. Lamentavelmente, essa minoria acaba rotulando o estilo. Eu vejo o Massacration como um grupo que percebeu isso, e tenta mostrar a essas pessoas o quão ridículo é levar-se a sério por causa de um estilo musical ou uma só canção, na forma de uma banda cheia de clichês.


O DISCO

Tempestade. Um sino soa ao fundo, trovejadas aumentam o suspense. O clima é sinistro. Uma voz gutural, horripilante e monstruosa se pronuncia: “Em uma vasilha, penere a farinha de trigo, o fubá e o fermento para não empelotar. Bata as claras em neve e adicione as gemas, uma a uma, acrescente o leite, o óleo e a mistura reservada...”

Exatamente. É uma receita de bolo de fubá. A partir daí, você já tem uma ideia de como vai ser o restante. E logo na segunda faixa, você percebe que vai rir em todas elas. Metal Is the Law, música mais popular do álbum, começa com uma pegada incrivelmente bacana. Quando o vocal entra, recitando o grito de guerra das torcidas de vôlei (“Ai... Ai, ai, ai... Ai, ai, ai, ai-ai-ai-ai, em cima, em baixo, puxa e vai!”), não tem como não segurar o riso.

“Gates...” também conta com a participação de Sérgio Mallandro em uma das faixas, Metal Glu-Glu. E em The God Master, faixa instrumental, foram inseridos trechos do disco de piadas do falecido ator Costinha.

Destaque também para Metal Milkshake (cuja letra é composta por neologismos, como “Hot-Dog”, “Playstation” e “Final Lap”), Let’s Ride to the Metal Land (na qual diz que, para ir à “Terra do Metal”, tem que pegar um ônibus, “a passagem é um real!”) e Metal Bucetation (com uma dica útil às pessoas: “Stop the Pirocation, Fuck the Bucetation”!).

Enfim, recomendadíssimo! Exceto, claro, se você for um True-Headbanger-Metal-Avenger-From-Hell!


LISTA DE FAIXAS

1. Intro
2. Metal is The Law
3. Evil Papagali
4. Metal Massacre Attack
5. Feel the Fire… From Barbecue
6. Metal Milk Shake
7. The God Master
8. Cereal Metal
9. Metal Dental Destruction
10. Let's Ride to Metal Land
11. Metal Glu-Glu
12. Away Doom
13. Metal Bucetation
14. Metal Massacre Attack Remix*

* esta faixa fica na mesma trilha da música n.º 13, começando aos 4m04s.


AVALIAÇÃO 0-10

Nota 8.

2 comentários:

  1. Muito bom, Fabião!
    Excelente escolha! Massacration! O humor estava tão longe do Rock (na verdade ainda está!) do Metal então nem se fala

    Eu curto mto os caras e vc soube enaltecer mto bem um dos maiores valores desses ótimos humoristas (e músicos!)

    N apenas deixaram td mais divertido (os clipes tb são d+!) como tb nos deram mtos riffs e músicas q n ficam devendo nd a grandes nomes do METAAAAAAL!

    Falones, abraço!

    Buli

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  2. Valeu Buli!


    Hehehehhe, verdade. Os clipes são muito engraçados. Meu preferido é o de Evil Papagali. Quando aquele papagaio velrmelho e preto (parece mais um torcedor do Flamengo!) começa a soltar fogo do bico, eu cago de rir! É impagável!


    Abraço.

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